6 coisas para aprender sobre música e Brasil no documentário Axé – Canto do povo de um lugar

O Brasil tem uma coisa engraçada;

De 20 em 20 anos, as pessoas descobrem que coisas muito boas foram feitas 20 anos atrás

Edgard Scandurra

Essa frase (não exatamente com essas palavras) eu ouvi em uma vinheta que passava na MTV Brasil nos anos 90 ou 2000 e nunca esqueci. Desde que eu ouvi, eu comecei a enxergar melhor o que o Edgard Scandurra estava falando e, assistindo o documentário Axé – canto do povo de um lugar dirigido por Chico Kertész (recentemente disponível na Netflix, mas o filme é de 2016) não teve como não lembrar de novo dela.

Se você viveu os anos 90, como eu, sabe que, apesar de o Axé ser um verdadeiro sucesso em qualquer parâmetro que você use pra medir sucesso (venda de CDs, shows lotados, muito dinheiro circulando, novos artistas surgindo querendo pegar carona, etc.), exceto pela crítica especializada e uma parte da sociedade brasileira não aguentava nem ouvir falar esse nome. Nessa época, ser chamado de “baiano” ou “dançarino de axé” era uma forma de dizer que você estava mal vestido, com cores chamativas demais, enfim, era uma forma de te chamar de “brega”, de algo próximo demais das camadas mais pobres e iletradas do país .

O documentário Axé – Canto do povo de um lugar (que eu super recomendo) dá uma oportunidade pra gente de olhar pra esse grande fenômeno do axé music pelo lado de dentro. Não mais olhar só o que as pessoas de fora desse movimento acham dele, mas, sim, quem são as pessoas que o construíram, que tipo de barreiras técnicas e sociais eles tiveram que superar pra levar o seu som para a grande mídia e, principalmente, como é que eles e elas que construíram tudo isso vêem essa história hoje.

Também dá oportunidade de aprender muita coisa sobre como o meio musical funciona no Brasil e por onde esses artistas precisam passar pra começar a ocupar os palcos dos programas dominicais da TV aberta com frequência.

Por isso, eu reuni aqui 5 coisas que vêm a minha cabeça depois de assistir ao documentário e que acho que podem te ajudar a aproveitar ainda mais o rico conteúdo que ele trás. Escolhi falar de coisas que não aparecem diretamente no documentário (não tem por quê repetir), mas que podem te ajudar a entender melhor o contexto no qual eles estão falando. Partiu?

1. Um título simbólico

Axé entrou pro nosso vocabulário com mais força por causa da Axé music, mas a palavra axé é muito valiosa para as religiões de matriz africana. A palavra axé vem do iourubá àṣẹ que significa energia e força, mas também a força sagrada de cada orixá. Se usa a palavra axé, geralmente, como forma de desejar boas energias e felicidade. E, claro, isso já diz um bocado sobre esse gênero musical que tem uma profunda relação com as religiões de matriz africana (Umbanda, Candomblé, etc.)

“Canto do povo de um lugar” é o título de uma canção de Caetano Veloso lançada em 1975 no álbum Jóia. Você pode escutar a música aqui na sua versão original.

Um breve parênteses sobre o disco Jóia: esse álbum foi censurado pela ditadura militar porque a primeira versão da capa trazia a família de Caetano Veloso completamente nua. A censura barrou, claro, então a segunda tentativa foi colocar pombos pra cobrir o pênis de Caetano. Não deu certo também. Censurada de novo.

Capa de 1975 censurada pelo regime militar da época

A saída encontrada pra lançar o álbum foi colocar os pombos coadjuvantes como protagonistas da capa. Aí a capa passou.

A capa que foi aprovada pela censura

Com certeza, o Caetano forçou a barra porque é claro que a ditadura, que já não morria de amores pelo Caetano ia encrencar com a capa, mas aqueles eram tempos diferentes, ainda vivendo os ecos da revolução sexual e do movimento hippie. Além disso, Caetano não tinha sido o primeiro a fazer uma capa de disco onde aparece nu. Em 1968 (7 anos antes do Caetano) John Lennon, lançou o álbum Unfinished Music nº 1 – Two virgins [tradução: Música inacabada número 1 – Dois virgens] com sua esposa Yoko Ono

Essa história da capa do álbum Jóia pode ser vista como uma curiosidade, mas vale a pena considerar que é nela que a música Canto do povo de um lugar (subtítulo do documentário) foi lançada. Se você considerar o quanto é comum que os críticos do axé se refiram a ele como um gênero musical cujas letras são (na sua visão) “maliciosos” demais, que fazem referências a “partes íntimas” dos corpos e ao ato sexual de forma mais ou menos explícita com muita frequência, então dá pra considerar que, mesmo o título do documentário dá margem pra esse tipo de interpretação. Essa referência não aparece no documentário, no entanto, e, na prática o documentário explora muito pouco a resposta das pessoas que fizeram esse gênero a essas acusações de “hipersexualização” da música (uma acusação que acho bem exagerada e que entendo que não dar muita corda pra esse assunto foi uma decisão acertada do diretor).

Voltando para a música Canto do povo de um lugar: na letra da música, não aparece o texto “canto do povo de um lugar” em momento nenhum, então, o título da canção nos dá o contexto pra gente interpretar o restante da canção. A letra tem três estrofes e relata como um coletivo de pessoas (“o povo”, no título e “a gente” ao longo da letra) de algum lugar não identificado reage aos diferentes momentos do dia. Na canção de manhã (quando “o sol levanta”), se canta o início de um novo dia. No fim tarde, quando “a terra cora” (fica corada pelos raios dos sol que vão ficando mais próximos do vermelho), “a gente chora porque finda a tarde”. E, de noite, as pessoas dançam “venerando a noite”.

Usar essa canção como subtítulo é simbólico em vários sentidos. A letra da canção fala sobre o efeito que os diferentes momentos do dia têm sobre a população de um determinado lugar e como ela acaba reagindo de forma semelhante a esses ciclos que iniciam e se encerram ao longo dos dias. O título do documentário sugere que “o povo de um lugar” se refere, nesse caso à população de Salvador, palco de quase tudo que o documentário relata, o que acaba reforçando o caráter coletivo do movimento chamado Axé.  Assim como na canção de Caetano, cada um dos diversos artistas do axé cantaram ao seu jeito a cidade de Salvador e a Bahia e, com grande frequência, com letras que falavam do que as pessoas da cidade tinham em comum e como a cidade as faz sentir de forma coletiva (“Nessa cidade todo mundo é de Oxum”, “O Araketu, quando toca deixa todo mundo pulando que nem pipoca”, …). Sendo o Caetano baiano, a analogia fica perfeita.

Então, o axé (o gênero musical e a energia positiva que a palavra nomeia) é o canto do povo desse lugar chamado Salvador e as letras das músicas que são apresentadas deixam isso claro, cantando a alegria de viver naquela cidade com aquelas pessoas, com aquela energia.

Eu achei um nome bem bonito e simbólico da história do movimento, principalmente, quando a gente entende essas referências “escondidas”.

2. O axé marcou o retorno da música brasileira para a grande mídia

Nem todo mundo se lembra, mas quem viveu os anos 1980 como eu, sabe que as rádios praticamente só tocavam música dos EUA. Era o momento em que a música dance estava em alta, além de todos os grandes sucessos de bandas de grande impacto internacional como U2, Roxete, Skid Row. Sim, o rock nacional dos anos 1980 estava com muita força (Legião Urbana, Engenheiros do Havaí, Paralamas do Sucesso, entre muitos outros), mas a participação dessa música nas rádios, apesar do gosto popular (na classe média, principalmente), era pequena.

Era tempo em que o Jabá (prática das gravadoras de pagar para as rádios tocarem usas músicas) era muito mais forte do lado da música internacional do que na nacional. Dá uma olhada nas trilhas das novelas dos anos 1980 e compara com as de hoje pra ter uma ideia do quanto a música internacional era bem mais presente.

Isso mudou muito nos anos 1990 e, pra surpresa dos “especialistas”, o carro-chefe dessa mudança não veio do Rio de Janeiro (cidade que sempre teve peso para ditar os gostos musicais em escala nacional porque era sede das maiores rádios e do maior canal de TV, a Globo). A mudança veio puxada pelo pagode paulista (Raça Negra, Negritude Júnior, Só pra Contrariar [mineiro], Exaltasamba, Katinguelê…), pelo sertanejo do centro-oeste (Leandro e Leonardo, Zezé de Camargo e Luciano, João Paulo e Daniel…) e, claro, pelo Axé baiano (Olodum, Chiclete com Banana, Banda Eva, Daniela Mercury, etc.). Como era de se esperar, o Rio de Janeiro foi bastante relutante em abraçar esses movimentos musicais e só abraçou de verdade quando não tinha mais jeito: todos esses movimentos já eram um sucesso fortíssimo em suas regiões e, quando alcançaram a grande mídia como a TV Globo, espalhou como fogo em mato seco.

E os programas de Domingo (uma das poucas opções de entretenimento na TV da época) ficaram cada vez mais com essa cara.

Se alguém entrou em coma no meio da década de 1980 e acordou no meio da década de 1990, com certeza tomou um grande susto ao ligar o rádio e ver que todas as estações traziam essas músicas (músicas brasileiras cantadas em português) como as músicas da programação principal e não naqueles programas de madrugada em que o radialista tocava o que queria porque tinha pouca gente escutando mesmo.

3. Foi uma época de releituras da tradições

Como o filme deixa muito claro, o movimento que chamamos de Axé tem sua origem em gêneros musicais tradicionais na Bahia: as músicas que dialogam com as religiões de matriz africana (afoxé, ijexá, que vai alimentar os blocos de carnaval afro característicos de Salvador, referência para o Olodum, Timbalada, Araketu…), o samba de roda da Bahia (reconhecido como patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco em 2005, que é a base do Gerasamba [que vai trocar de nome para É o Tchan depois], Harmonia do Samba,…) e a tradição dos trios elétricos (cuja origem é da década de 1950, com Dodô e Osmar e vai dar base para Chiclete com Banana, Asa de Águia, Banda Eva…).

Armandinho (na guitarra baiana) e seu grupo em 1975 sobre uma réplica do trio da década de 50.

A mesma coisa acontece no sertanejo (cuja base vem do sertanejo de Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco) e com o pagode paulista (que tem sua base no samba carioca ligado às tradicionais escolas de samba, mas, principalmente, no chamado pagode dos anos 1980 ligado ao bloco de carnaval Cacique de Ramos, de onde sai Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão…). Até por isso, nos anos 90, se discutiu muito se esses gêneros novos eram “autênticos” ou apenas “música comercial”, o que era uma forma de sugerir que essa música que tomava as rádios era uma “música menor”, digamos assim.

Na prática, o que se vê no documentário é que todas essas tradições do carnaval da Bahia (blocos afro, trio elétrico, samba de roda) conversavam entre si e os mesmos músicos transitavam por essas diferentes tradições com muita tranquilidade. Carlinhos Brown mesmo é um músico que circulou por todos esses nichos e até sair em carreira solo.

4. Éramos muito dependentes de gravadoras

Ao assistir o documentário, você vai perceber o quanto demorou pras gravadoras da época (a maior parte multinacionais sediadas no Rio de Janeiro) pra abrir os olhos para uma música que arrastava multidões na Bahia. Isso ilustra o quanto éramos dependentes de gravadoras para fazer nossa música chegar em escala nacional.

Esses grupos que arrastavam multidões que cantavam todas as suas músicas palavra por palavra e essas músicas foram divulgadas na base da fita K7.

Graças à fita K7, as músicas dos blocos de carnaval da Bahia foram se popularizando entre os foliões pra, depois, deixar de ser música só de carnaval. Pra ir pro disco (grandes gravadoras), levou tempo.

Sim, hoje com internet e com a possibilidade de gravar música com boa qualidade em casa, isso é impensável e as gravadoras já sentiram que seu poder de ditar o que o público ouve ou não é muito mais limitado do que antes dos anos 2000. Mas o Axé teve que quebrar uma forte barreira naquele tempo e quebrou essa barreira na base da boa e velha fitinha K7.

5. O Axé popularizou um outro tipo de performance no Brasil

Nos Estados Unidos, sempre foi muito comum a figura dos cantores que tinham tantos talentos (dançavam, cantavam, sapateavam, atuavam, etc.) que tinham um nome particular: performers. Frank Sinatra, Samy Davis Jr. e muitos outros mostraram para o mundo que talento pouco é bobagem e simplesmente faziam de tudo dando um show em vários aspectos. O vídeo abaixo reúne dois desses grandes performers (Fred Astaire e Gene Kelly) e, nele se vê isso claramente (a partir de 2:10 do vídeo).

Isso não era comum na nossa cultura na década de 1980. Claro que tivemos artistas com essas características pelos idos dos anos 50 (Grande Otelo e outros), mas isso foi se perdendo bastante com a bossa nova e a estética do banquinho e violão. Por alguma razão, nossa música foi passando a ficar marcada por cantores e cantoras que cantavam sem explorar significativamente a dança (excessão talvez a Ney Matogrosso e alguns poucos).

Com o Axé, a gente começa a ter uma leva de cantores e, principalmente, cantoras que mudam completamente o jogo. Daniela Mercury, quando chegou, chegou com o pé na porta, mas o documentário mostra várias antes dela que já apontavam pra essa mudança. A performance de cantoras como Daniela Mercury, Margareth Menezes e Ivete Sangalo marcam essa grande mudança na forma como nós experienciamos a música brasileira. Ela passa a ser uma música que explora muito mais o visual e o cinestésico (o movimento do nosso próprio corpo). A estética do “tira o pé do chão” vai fazendo nossa experiência de ouvir música cada vez mais uma prática diferente daquela de ouvir canções atentamente e em silêncio com um aplauso aqui ou ali. E o modo como esses artistas pedem que dancemos (às vezes reproduzindo coreografias que já vêm com as canções) e cantemos juntos, faz a experiência de apreciar música ao vivo muito interativa. As pessoas passam a sair de um show de axé como quem sai de uma aula de duas horas de aeróbica, o que oferece uma experiência muito diferente para o ouvinte, algo muito próximo a uma “terapia” para muitos.

6. Todos ganharam com esses movimentos (mesmo que você não queira admitir)

Eu sei que os rockeiros apaixonados e outros menos ecléticos vão chiar, mas é verdade. Ao ascender a chama do mercado nacional para a música brasileira, é fato que o Brasil ganhou muito em termos culturais (se projetando para o mundo todo) e economicamente. Imagina que todo o dinheiro movimentado pela venda de CDs (O “É o Tchan” vendeu um milhão meio de cópias de um só disco e isso na época da pirataria comendo adoidado, imagina se somarmos todas as bandas!) ficou no Brasil, mas poderia ter ido pra fora. As rádios FM tocando música internacional mandam a grana de compra de discos pra fora. Toda a grana com venda de CDs e fitas (piratas ou não), ingressos de shows, consumo em casas de show e blocos, turistas vindo para gastar a grana de seus países aqui, etc. ficou no Brasil porque foi gasto por artistas brasileiros que fizeram circular essa grana toda aqui.

Quando você assistir o documentário, note que as primeiras imagens do Olodum (no final dos anos 80) é de jovens sem camisa (lembre-se que essa era a “pátria dos descamisados”, como o ex-presidente Collor falava) tocando tambores com galhos de árvore preparados pelos próprios músicos. Hoje, ir assistir ao ensaio do Olodum é bem diferente e ver a comunidade onde essa música nasceu também é.

Claro, o Brasil passou por muitas mudanças sociais e econômicas nesse período, mas não considerar a contribuição da economia da cultira pra esse processo não é fazdr justiça para o impacto disso na nossa realidade. A verdade é que, ao fazer o dinheiro circular pelas comunidades e pelas empresas nacionais, todos ganham.

 

Bom, foi nisso que pensei enquanto assistia. Comenta aqui o que você pensou quando assistia ou quando leu esse post pra gente trocar uma ideia.

Ah, e, se não assistiu, dá uma olhada no trailer.

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21 comentários em “6 coisas para aprender sobre música e Brasil no documentário Axé – Canto do povo de um lugar”

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